Tudo O Que Existe

“Na infância, temos plena consciência do sentido religioso do movimento, pois nessa altura a mente ainda não está obscurecida por dogmas ou credos.”
Isadora Duncan, Art of Dance

Isadora Duncan (1877-1927), uma bailarina americana precursora da dança contemporânea. Para ela, dança era liberdade, uma forma elevada de comunicar sentimentos e emoções. Pregou, como a própria assumiu, uma religião da dança.

Milénios antes, Hipátia (c. 355 – 415 d.C.), filósofa neoplatonista e cientista do império romano, foi conselheira dos governantes de Alexandria. A filosofia que ensinava viria a influenciar o pensamento filosófico e teológico das principais religiões abraâmicas: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.

Apesar da distância que as separa, Isadora e Hipátia foram unidas pela sua condição feminina; pela filosofia, que norteou as suas vidas; pela liberdade que gozaram para desenvolver as suas artes; pelo impulso de partilhar o conhecimento que as inundava e, numa nota menos relevante, mas ainda assim coincidente, pelas suas mortes trágicas.

O espectáculo cresce a partir da vida destas duas mulheres, e do que se imagina que seria um diálogo entre ambas, explorando a dimensão espiritual nas suas vidas. Para Hipátia, essa dimensão encontra-se nos livros, no estudo e no academismo. Para Isadora na emoção e nos sentimentos, na liberdade que cultiva.

No conflito entre estas visões, aparentemente contrárias, reflecte-se acerca do que nos move hoje, num mundo que de tão rápido e intenso, excessivo e tantas vezes pessimista, nos convida antes a desligar e a funcionar como autómatos. Podemos encontrar inspiração nestas duas mulheres? Há pistas para uma vida mais plena nas suas visões?

Cruzando ideias de espiritualidade secular e religiosa, esperamos criar um universo de reflexão e de contemplação, discorrendo sobre o alento que um significado superior e divino, para os nossos tempos e dias, pode ou não oferecer.

Concepção, Criação
Ana Seia de Matos

Criação e Interpretação
Mariana Silva, Sofia Moura

Apoio à encenação
Leonor Keil

Apoio à dramaturgia
Guilherme Gomes

Consultoria de Filosofia
Isabel Fonseca

Desenho de luz (apoio)
Nuno Rodrigues

Desenho de som (apoio)
Cláudio Ferreira

Cenografia e figurinos
Ana Seia de Matos

Design e fotografia
Luís Belo

Entre 7 e 18 de Outubro realizou-se a primeira residência artística, no Teatro Viriato, em Viseu.

Explorámos as possibilidades do texto e do movimento, tivemos o apoio de Leonor Keil num dos dias de ensaio e ao chegar ao final das duas semanas de trabalho, apresentámos o que havíamos construído até aí e no diálogo que se gerou, surgiram novas ideias e caminhos possíveis a tomar.

Fotografias de Luís Belo

De 7 a 15 de Novembro realizou-se a segunda residência artística, no salão da Casa dos Gomes, em Viseu.

Neste período pudemos experimentar algumas das sugestões que emergiram do primeiro ensaio aberto. Foi uma semana curta, mas muito rica em descobertas. Agora fazemos uma pequena pausa até abril de 2025, quando retomaremos o trabalho.

Fotografias de Luís Belo